ESCALA URBANA / ORGANIZAÇÃO ESPACIAL
Projetar uma edificação habitacional coletiva, na cidade de Curitiba, a partir de um concurso de arquitetura nos faz pensar e refletir sobre como podemos intervir na cidade em desenvolvimento e como a arquitetura é responsável pela qualidade das cidades em que vivemos.
Este projeto parte de que o edifício pode e deve qualificar o espaço urbano a sua volta, cumprindo sua função social e sendo um novo marco na escala urbana, ao mesmo tempo que resolve adequadamente o seu programa interno.
O projeto parte da análise do lugar em que o terreno está inserido e propõe nas suas laterais frente as ruas uma área verde, arborizada, servida por bancos e esculturas, propiciando aos moradores e a toda população do local um lugar para estar, para conviver em sociedade e para usufruir da vitalidade urbana. Além deste espaço aberto para a cidade, outra praça localizada em nível superior serve exclusivamente aos moradores do conjunto habitacional.
Para a criação destes ambientes, o programa foi organizado em dois blocos de apartamentos, e estes blocos foram dispostos perpendicularmente um ao outro em formato de “L”, formando dois lados de um triângulo, o terceiro lado, frente para a Rua Mato Grosso, fica aberto e propicia a criação da praça e espaços livres. O entorno foi decisivo para a orientação dos blocos de apartamentos, todos os apartamentos foram voltados para as ruas e praça, evitando o confronto visual com as construções já existentes nos lotes vizinhos.
PAVIMENTO TÉRREO
O térreo é um pavimento livre, sob pilotis, aberto, com pé-direito de altura dupla. As praças criadas no centro do terreno e nas laterais com as ruas geram os espaços de convivência, e organizam os acessos de veículos aos estacionamentos, tanto ao térreo quanto ao sub-solo. O acesso independente de pedestres se dá pela Rua Pará, juntamente com o acesso as garagens localizadas no térreo.
PAVIMENTO TIPO
O pavimento tipo se desenvolve a partir de duas barras perpendiculares de apartamentos que se conectam através de uma circulação horizontal em forma de “L” perfurada por vazios, os quais proporcionam maior qualidade de ventilação e iluminação as unidades. O núcleo de circulação vertical, juntamente com shaft de instalações localizam-se centralizados no ponto de encontro entre as duas barras.
Os dois blocos abrigam as 51 unidades solicitadas, sendo 7 unidades por pavimento e mais duas localizadas no 1º pavimento. Na barra voltada para a rua Pará, estão duas unidades de 2 dormitórios e uma unidade de 3 dormitórios por pavimento, enquanto a barra voltada para a praça e para a rua Mato Grosso, possui duas unidades de 2 dormitórios e duas unidades de 3 dormitórios por pavimento, todas servidas por sacadas em toda sua extensão.
SUSTENTABILIDADE
Como estratégias de sustentabilidade natural foram utilizados brises em alumínio para proteção solar nas sacadas e circulações, vazios foram recortados nas circulações horizontais para melhor qualidade de iluminação e ventilação natural, além de permanente ventilação cruzada em todas as unidades. Placas solares foram previstas para futura geração de energia fotovoltaica, bem como a coleta da água da chuva será armazenada em cisterna para posterior reuso.
VOLUMETRIA / DISPOSIÇÃO DO PROGRAMA
A volumetria final é o resultado da solução dos problemas ligados ao lugar, ao programa e a construção. A forma da edificação resulta da criação de duas torres para a distribuição das unidades e da rotação das mesmas para a criação das áreas de convívio e para melhor aproveitamento da paisagem por parte dos moradores. Uma terceira e delgada torre, abriga a circulação vertical da edificação, e completa a composição dos volumes propostos. Cobogós são utilizados para o fechamento das sacadas dos apartamentos, propiciando ventilação permanente, ao mesmo tempo que não permite a visão direta para as máquinas de ar condicionado. Uma das empenas laterais de uma das torres foi destinada a um grande painel artístico, reforçando a preocupação com a melhoria do espaço da cidade. O trabalho de Eduardo Kobra serve como referência para a representação do painel artístico na empena lateral do edifício.
SISTEMA CONSTRUTIVO
A estrutura independente do edifício proposto consiste em pilares, vigas e lajes em concreto armado moldados in loco. Esta tecnologia permite a repetição das formas utilizadas nos primeiros pavimentos, gerando economia e praticidade para a obra. A atemporalidade do concreto aparente é adotado como acabamento em todos os tetos dos edifícios. Os fechamentos internos são em placas de gesso cartonado, os fechamentos das áreas molhadas e externos são em alvenaria rebocada, e a parede externa voltada para as sacadas é em tijolo aparente. A cobertura é uma laje impermeabilizada com aplicação superior de camada de argila expandida.
